sexta-feira, 24 de outubro de 2008

É bom...


... quando nos chamam de Enfermeira.

É bom quando os doentes nos chamam, e melhor ainda quando são os profissionais a fazê-lo...

(sabe bem, mas aumenta o peso da responsabilidade... sentimos que está a chegar ao fim e, daqui a nada, estamos apenas por nossa conta...)


***

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

A Saudação de todas as manhãs...

- Bom dia Sr. J.!!

- (com o dedo magrinho na cânula da traqueostomia, cara de malandro e entoação de locutor de rádio) Bom dia Porto! Está um belo dia!

só visto, realmente...

***

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Da Pneumologia...


O estágio começou, e com ele a azáfama habitual... A integração, os primeiros trabalhos, o primeiro projecto, etc... ocupam-nos todo o tempo...

O Internamento é no piso 9, com vista privilegiada para a frente do hospital e com direito a ver, à noite, o novo Hotel com a iluminação colorida!!!

Do lado de dentro, a visão não e tão colorida assim... Este mês ainda não acabou e já eu contei 8 despedidas... Percebemos que a vida pode acabar a qualquer momento, e que doenças como estas apanham-nos desprevenidos e são, realmente, galopantes... Afectam a pessoa, a família e até a mim, a nós que lá trabalhamos... Sim, dizem-nos que temos de nos abstrair, mas chega a uma altura em que a frustração de nos vermos de mãos atadas supera tudo...
A maior parte das despedidas acontecem à noite, talvez porque sentem um ambiente mais sereno, não sei. É daquelas coisas que não tem explicação... Por norma, um familiar passa lá a noite mas quando tal não é possível, cabe-nos a nós lá ficar... A semana passada foi a minha vez... O Sr. F. contava os seus últimos minutos, ofegante, dispneico, sudorético e com uma expressão de sofrimento que não sei explicar... A muito custo lá pediu "fique aqui comigo de noite, não me deixe sozinho...". Não sei se fiz bem ou mal, mas não consegui recusar...
E no início da manhã, despediu-se de nós... Espero que esteja melhor agora, pois apesar de todos os fármacos e todas as técnicas, o sofrimento das últimas horas foi e é, infelizmente, intratável...

E a "vida" continua por lá pelo serviço... Também há casos mais animadores, o que nos equilibra um pouco as emoções. O cuidado da D. M. com o seu catéter, o Sr. C. que conta as histórias do seu tempo, a D. A. que, no auge dos seus 96 anos, dá lições de juventude a quem por lá passa...

É, sem dúvida, um local onde se aprende muito... A equipa é fenomenal, recebeu-nos muito bem e sentimo-nos muito bem lá dentro. Já começamos a sentir que fazemos um bocadinho parte daquele mundo pequenino...

A Enf. A. é quem me atura a maior parte do tempo. É muito descontraída, está sempre bem-disposta e conversamos muito. Já é veterana naquele serviço, e explica-me o funcionamento da maior parte das coisas, bem como aqueles "truques" que só se aprendem com a experiência...

E tantas outras coisas que vao ficando na memória, e no coração... Estou a adorar, espero levar daqui mais bagagem para, daqui por pouco tempo, saber-fazer e saber-ser uma boa profissional...


Balanço??? Mais que positivo...


***